Meu Professor, Sr. Pesto!
Recentemente, tive a oportunidade de fazer um retiro de mindfulness em casa. Com todos os familiares fora por tempo suficiente, dediquei alguns dias a práticas meditativas, permanecendo em silêncio durante o decorrer do retiro . Em um desses dias, enquanto desfrutava de um agradável momento de sol no quintal e comia calmamente, notei que os pés de manjericão precisavam ser utilizados em breve, ou perderia uma bela colheita. Decidi, então, preparar um pesto.
Comecei minha tarefa: recolhi os galhos, separei as folhas e as lavei. Enquanto realizava essa atividade, um pensamento me ocorreu: “Por que decidi fazer isso agora? Vai demorar, preciso voltar para a meditação propriamente dita.” Senti que estava me desviando da minha “agenda” e que o que fazia não era parte do trabalho mais importante do retiro.
Nesse momento, percebi algo fundamental: por que lavar as folhas de manjericão seria menos importante do que outras atividades? Por que eu deveria apressar o que estava fazendo para voltar ao que considerava mais significativo? A ficha caiu: se realmente desejava praticar o mindfulness de maneira autêntica, cada momento e cada atividade são oportunidades de prática. Relaxei. Afinal, eu tinha tempo de sobra e o essencial era realizar a tarefa com presença.
Passei a observar, como faço em outras formas de meditação (sentada, andando, comendo, escaneando o corpo), o que se passava em meu corpo, em minha mente, com minhas emoções. Afastei-me da pressa e da ansiedade de seguir um roteiro pré-determinado, deixando de lado pensamentos e julgamentos incessantes. Focalizei no presente, encontrando calma.
A verdade é que a nossa vida é, em si, a prática!
O neurocientista Sam Harris discute nossa tendência de separar a prática formal da meditação do restante de nossas vidas. Sentamo-nos para meditar e, ao final, retornamos à vida cotidiana, como se as duas experiências fossem desconectadas. No entanto, tudo se resume ao que se passa com a nossa mente no momento presente. O que temos em cada instante é a nossa mente e nada mais. Assim podemos reconhecer a abertura e expansão dela ou nos perder em pensamentos e julgamentos. A verdade é que nossa vida é, em si, a prática!