Retornando
Faz um bom tempo que não escrevo no blog. Me ocupei com responsabilidades extras, a lista de afazeres foi aumentando, o tempo foi passando e de uma certa forma, fui ficando acomodada e nunca achava hora de me sentar e escrever. Com o tempo, me distanciei mais, porém sempre com aquela voz autopunitiva me culpando por ter deixado passar tanto tempo. Lembrei-me da animação em começar este projeto pois escrevo sobre algo que tanto me inspira – o mindfulness. O interessante é que quanto mais o tempo passava e eu não escrevia nada, menos tempo eu achava para escrever e mais ficava irritada comigo mesma.
Comecei a pensar como esta atitude pode ser transformar numa praga que infesta uma plantação. Sabemos o que “deveríamos ou temos” que fazer, mas não o fazemos, enquanto ao mesmo tempo sentimos culpa pela nossa atitude de procrastinação. Sempre me considerei uma pessoa responsável na minha vida profissional e pessoal. Então resolvi começar um processo de investigação pessoal usando a atenção plena como ferramenta – o que está atrás desta atitude: muitos afazeres extras, falta de tempo, preguiça, desmotivação, estresse, ausência de alguém que me cobrasse o que deveria ser feito?
Devo admitir que acho ser provavelmente uma combinação de algumas das opções acima, mas por outro lado, refleti a respeito daquela vozinha interior que também me culpava pelas minhas ações...como ela estava ajudando? Pelo visto...julgando pela protelação que persistia...em nada. Será que estava atrapalhando de alguma forma?
Com o tempo, quanto mais eu me aprofundava na minha investigação do que se passava em minha mente e se manifestava também no meu corpo, com sinais de certa rigidez, aversão à situação e evasão, mais eu percebia a necessidade da autocompaixão, de manter um olhar suave para comigo mesma. O que estava por trás disso? Esta atitude criou a possibilidade de ser honesta comigo mesma ao manter também uma postura de humildade. É muito fácil nos perdermos em desculpas e histórias loucas, nos defendendo de tudo, e de nos culparmos concomitantemente pelas nossas ações, mas no final nenhum desses caminhos leva a nada. Um dos fatores de enorme importância neste tipo de exercício é praticarmos a autocompaixão e o carinho, como se estivéssemos lidando com uma criança que precisa de direcionamento.
Cada um sabe dos fantasmas que existem no porão de seu ser! Então, se for difícil fazer este tipo de exercício sozinho, seria recomendável a ajuda de um profissional na área de terapia, um coach ou professor de meditação que tenha experiência na área de investigação pessoal, e que esteja disposto a trazer uma sinceridade autêntica ao processo, mantendo ao mesmo tempo a sensitividade, compaixão e solidariedade.
Por mais, aqui estou de volta...aprendendo...escrevendo...compartilhando.
Fonte da imagem: Daria Nepriakhina @epicantus