Aterramento
O aterramento é essencial para a prática meditativa. Somos seres biológicos, com conexões inerentes com o planeta em que vivemos, porém com o advento da vida moderna temos nos tornados cada vez mais distantes desta ligação tão importante. A prática de aterramento é simples, porém altamente eficaz e nos coloca mais afinados com o nosso corpo assim como o que se passa em nossa volta. Podemos utilizá-la a qualquer momento, principalmente quando precisamos regular sensações e emoções intensas e cultivarmos um estado autêntico de presença.
Ao praticarmos o aterramento, nós conscientemente nos entregamos à força da gravidade, relaxando os músculos que carregam mais tensão e deixando nossos olhos, nossos membros, nosso corpo se desprenderem, se soltarem em direção ao chão, à terra. Eu costumo utilizar este prática no começo, no meio e no final da prática formal da meditação, assim como informalmente, várias vezes durante o dia (todas as vezes que me lembro).
Para mim, a prática se dá da seguinte maneira:
Ao me sentar para a prática meditativa, se utilizo uma cadeira, sinto os meus pés firmes no chão, ligados à terra. Noto também a sensação de contato entre o assento e minhas nádegas. Se utilizo uma almofada e sento-me no chão faço o mesmo, isto é, registro as sensações presentes em cada momento, porém com as devidas partes do corpo que tocam o chão, a almofada ou se tocam mutuamente.
Depois conscientemente relaxo os músculos da face (testa, bochecha, têmporas) imaginando que estão “caindo” em direção do chão, desprendendo-se para a terra.
Faço o mesmo com os meus olhos. Eu literalmente imagino que meus globos oculares estão se desprendendo da cavidade ocular, "caindo” em direção à terra.
Observo se os maxilares estão tensos e os dentes superiores e inferiores estão juntos num processo intenso de tensão, como se estivéssemos mordendo algo. Neste caso, separo os maxilares e relaxo-os.
Faço o mesmo com os ombros, o pescoço, o peito, o abdômen, as pernas e os pés. Você pode adicionar qualquer outra parte do seu corpo onde sinta maior tensão.
Normalmente coordeno a visualização do desprendimento, do soltar-me com a minha expiração. Biologicamente falando, a inspiração nos energiza e a expiração nos relaxa. Então a expiração se acopla facilmente ao relaxamento dos músculos. A visualização é essencial neste exercício.
Esta prática pode e deve ser feita sempre que você se lembrar: na fila do supermercado, ao dirigir para o trabalho, no escritório, ao limpar a casa, etc. Observo que quanto mais a pratico, mais me lembro de praticá-la e consequentemente mais me afino com o meu corpo e adoto uma postura corporal menos tensa. Percebo também que, ao utilizar esta prática, consigo me acalmar mais facilmente in loco em momentos de estresse e grande tensão.
Dica: utilize o alerta ou alarme de seu telefone, Fitbit, computador ou qualquer outro aparelho, como um lembrete para você se aterrar e conscientemente inspirar e expirar várias vezes durante o dia. Isso ajudará a você a criar o hábito saudável da presença autêntica.