A Resposta do Relaxamento

Atualmente a ciência já tem deixado bem claro que a meditação traz vários benefícios nos campos físico, mental e emocional. Mas nem sempre foi assim. Há quarenta anos atrás era considerado suicídio profissional quando um médico ou cientista resolvia partir para pesquisas científicas no campo de áreas como relação mente-corpo, meditação, yoga, etc. Hoje em dia, este campo de trabalho é altamente reconhecido  e respeitado devido ao grande número  de estudos científicos que vêm sendo publicados nas últimas décadas. Isso foi exatamente o que aconteceu com o médico cardiologista americano, Herbert Benson.

  Um dos aspectos interessantes da prática meditativa que atraiu a atenção de Dr. Benson foi o que ele denominou como a resposta do relaxamento. Este termo foi criado por Dr. Benson,  fundador do Instituto Mente/Corpo da Escola de Medicina da Universidade de Harvard, para descrever o estado de bem estar que ele começou a perceber em seus pacientes em determinadas circunstâncias. Nos anos 60, Dr. Benson observou que a pressão arterial de seus pacientes subia quando estavam em seu consultório comparado ao resultado que obtinham quando tiravam a pressão em casa. Ao verificar esta discrepância, ele concluiu que seus pacientes sofriam da “hipertensão do jaleco branco” devido a sentirem uma ansiedade maior na presença do médico. Isso levou o Dr. Benson a pesquisar este efeito psicossomático em macacos. Os macacos no seu laboratório foram treinados com duas luzes, uma vermelha e outra verde, que indicavam à Dr. Benson quando a pressão arterial dos macacos subia ou descia respectivamente. Dr. Benson levou os macacos a associarem a luz vermelha com um suave choque elétrico, enquanto a luz verde  foi associada à comida. Com o decorrer do tempo, Dr. Benson constatou que os macacos aprenderam a associar as luzes com sensações agradáveis ou desagradáveis, e consequentemente “treinaram-se” a aumentar ou diminuir sua pressão arterial de maneira a receberem comida ou evitarem os choques.

  Como explica James Kingsland, no seu livro Siddharta’s Brain (2016), Dr. Benson concluiu o seguinte: “Se a resposta do relaxamento era o oposto da resposta da luta ou fuga, deveria haver outras maneiras de evocá-la. Como há mais de uma maneira de evocar o estresse, o oposto também deveria ser o caso. Assim ele começou a investigar várias formas de meditação, (...) e descobriu que não importava onde a pessoa concentrava sua atenção, fosse exclusivamente num movimento do corpo (como na yoga), na respiração, numa palavra ou num som (como uma mantra) ou numa oração repetitiva, sempre desencadeava exatamente a mesma resposta fisiológica nos participantes do estudo. Havia dois fatores comuns em todas essas práticas: o primeiro parecia ser que eles removiam a cascata de pensamentos regulares; o segundo relacionava-se ao fato de que quando os pensamentos intrusos vagavam pela mente, o participante os aceitava impassivelmente, e rapidamente voltava sua atenção para o que quer que estivesse usando como foco.” (p. 48)

  Assim, vale observar que estes dois aspectos importantes na prática da meditação mindfulness são também essenciais para mudarmos o trajeto de nossas reações automáticas. O exercício que consiste em estabelecermos uma âncora ou objeto de foco, como a respiração por exemplo, e simplesmente retornarmos nossa atenção ao objeto de foco quando nossa mente é tomada incessantemente por uma enxurrada de pensamentos, é o suficiente para iniciarmos nossa jornada pessoal em direção ao estabelecimento de uma presença autêntica relacionada ao que realmente se passa em cada momento e com isso  proporcionarmo-nos maior bem-estar.

Fonte da Imagem: Willian Justen de Vasconcellos @willianjusten