Plena-Mente

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O Copo Está Sempre Meio Cheio!

Fonte da Imagem: Nolan Simmons @nolanjsimmons (Unsplash)

A gratidão verdadeira me escapa com frequência. Não falo aqui da demonstração do agradecimento corriqueiro, que utilizamos com frequência, mas sim do verdadeiro sentimento de gratidão. Como a maioria de nós, normalmente me ocupo com as demandas do cotidiano, a lista de afazeres sem fim, o planejamento constante e uma mente altamente ativa, presa aos “problemas” a resolver. Poucos são os momentos em que paro e evoco gratidão de maneira autêntica.  Acho, porém, que não sou a única a me sentir assim. Isto é particularmente real se considerarmos que, do ponto de vista evolucionário, o viés da negatividade faz parte da natureza humana, por simples razões de sobrevivência. Como consequência, ao invés de nos determos no lado positivo de algo, normalmente somos engolfados pelo aspecto negativo.

Nas últimas décadas, houve bastante interesse na área relacionada à gratidão, com muitos estudos científicos revelando o valor deste sentimento. Estes estudos vêm demonstrando que a gratidão aumenta o bem-estar, desde a melhorias na qualidade do sono até benefícios em relacionamentos. Pessoas gratas são mais felizes, menos deprimidas, menos estressadas, e mais satisfeitas com a vida e com suas relações sociais.

Além destes benefícios, a gratidão também age como um antidoto para a ganância. Num mundo movido pelo consumismo intenso e distrações sem fim, quando experimentamos a gratidão pelas muitas maravilhas que vivenciamos em cada momento, somos imbuídos naturalmente com um senso de contentamento e bem-estar. Um sentimento que este momento é suficiente!

Por outro lado, sentir gratidão em momentos desafiadores é particularmente difícil, parece até um oxímoro, mas como Jon Kabat-Zinn observa com frequência: “Se você está respirando, há mais coisas certas do que erradas com você, independentemente de tão mal ou desesperançoso você se sinta.”

“Se você está respirando, há mais coisas certas do que erradas com você, independentemente de tão mal ou desesperançoso você se sinta.”

Jon Kabat-Zinn

A gratidão pode nos ajudar muito em momentos desafiadores! Ao expandirmos nossa consciência para cada experiência, somos capazes de encontrar muita coisa boa entre as dificuldades do momento. Porém, se nos prendemos somente ao que é difícil e doloroso, rapidamente nossas mentes descem ao abismo do desespero e perdemos de vista tudo que nos sustenta e nutri.

Não estou falando aqui de sentimentos de gratidão como antolhos, onde fazemos de conta que está tudo sempre ótimo apesar das dificuldades do momento, mas sim a gratidão como um reconhecimento de que neste momento as coisas estão difíceis, nos aproximando dos desafios sem julgamentos, porém sem perder de vista tudo que é bom em nossas vidas. Desta maneira, mesmo quando a vida nos apresenta surpresas perturbadoras, podemos parar um pouco, nos centrar, aterrar e viver autenticamente o momento presente, apesar de suas dificuldades. Podemos assim encontrar espaço para reformularmos nosso ponto-de-vista e sentirmos gratidão pelos pequenos milagres de todos os dias.

Um tal momento de consciência plena pode nos levar a uma investigação mais desapaixonada de nossas aflições, e a um armazenamento de energia para aceitar e potencialmente lidar com a situação, ajudando-nos a enfrentar cada momento com mais abertura e habilidade.

Pare e sinta gratidão - faz bem!

Na roda viva em que vivemos, sempre pulando de uma coisa para outra, muitas vezes não reconhecemos tudo de maravilhoso que testemunhamos a cada momento; experiências que normalmente não damos tanto valor, como nossa respiração, o sol que nasce todos os dias, o abraço sincero de um amigo, a luz que ilumina o cômodo com o simples toque do interruptor, tudo que teve que acontecer para estarmos aqui neste momento, e muito mais.

É tão fácil nos perdermos nos fardos que carregamos, nas pequenices que nos irritam, nas pessoas que nos incomodam, e em tudo de negativo que nos acontece, por mais ínfimo que seja! Entretanto, é o ato de estamos presentes para o que está acontecendo em cada momento que nos mune com a claridade para vermos que, apesar de tudo, o copo está sempre meio cheio, e mais ainda ... sermos gratos por esta claridade!