Plena-Mente

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Comer com Atenção Plena

Todos os momentos de nosso dia a dia podem e devem merecem ser vividos com presença – algo difícil a ser realizado, mas que vale a pena tentarmos colocar em prática. Uma das atividades mais comuns no cotidiano de qualquer  ser humano é o ato de comer. Normalmente comemos três refeições por dia, muitas vezes intercalando-as com lanches e guloseimas variadas. Vivemos um momento na história em que a fartura e número exagerado de opções sobrepõem o bom senso, e mais de que nunca se faz necessário praticar o mindfulness na hora de comer.

Nesta postagem, gostaria de simplesmente convidar você a começar por examinar seus hábitos e condicionamentos, às vezes inconscientes. Por exemplo, fomos condicionados a comer três refeições por dia, independentemente do nosso apetite ou sinais enviados pelo nosso organismo. Muitas vezes comemos, mesmo sem fome, pois é a hora da refeição. Outro hábito que normalmente adquirimos na infância é o de limparmos o prato. É necessário comer tudo que está no prato pois não se desperdiça comida, mesmo que isso signifique enfrentarmos uma dispepsia pois é comum termos os olhos maiores do que a barriga e frequentemente enchermos o prato de forma desregrada. Muitas vezes até partimos para o segundo ou terceiro round porque a comida está tão gostosa, que vale a pena tomar um antiácido para aliviar os sintomas subsequentes.

  O hábito de limparmos o prato ou comermos mais do que devíamos começa cedo, ainda na infância. Quantas mães, avós, babás distraem  as crianças com o desenho animado  na televisão ou o programa de computador enquanto oferecem o alimento, com o objetivo de faze-las comer o que julgam, como adultos, ser o necessário? Ao se sentir satisfeita, a criança começa a recusar a comida, porém passa a ser continuamente distraída e forçada  a comer só mais um pouquinho, mais uma colherada, por receio dos pais que ela fique desnutrida. Na realidade a criança está agindo corretamente seguindo a sabedoria de seu organismo, que ainda não foi corrompido pelas mensagens de fontes variadas que manipulam a mente infantil.

Outro condicionamento que ocorre frequentemente durante a infância é a utilização do alimento como fonte de consolo nos momentos de desapontamento ou tristeza. “Vamos tomar um sorvete para você se distrair e se esquecer do problema.” É certo que sofrer um desapontamento é difícil para uma criança, mas é também uma boa oportunidade  para ensinarmos que a vida traz momentos de dificuldades, e que não é necessário fugirmos dos baques, mas sim enfrentarmo-los sabendo que são passageiros e  que nos ajudam no processo de amadurecimento.

Trazer mindfulness para o ato de comer é importantíssimo por várias razões. Primeiramente, ao comermos conscientemente podemos desfrutar prazerosamente desta experiência sensória que banalizamos com facilidade. Segundo, ao trazermos a consciência plena para o ato de comer podemos prestar atenção às mensagens enviadas pelo nosso organismo, assim evitando situações onde comemos demasiadamente ou erroneamente, ignorando sinais importantes. Consequentemente gozaremos de mais saúde e bem estar físico e mental.

A atenção plena nos faz parar e examinar o que realmente está se passando conosco física, emocional e mentalmente,  e porque  somos impulsionados a procurar o alimento. Comemos porque estamos tristes ou alegres,  para nos distrair, quando estamos entediados, para passar o tempo, quando estamos nervosos. Preste atenção à próxima vez que você for a geladeira sem pensar; antes de abri-la, pare e faça um check-in do seu corpo e de seus pensamentos. Você foi à geladeira por fome ou por uma das razões citadas acima? Ou ainda, quantas vezes você come na frente do computador, do telefone ou da televisão? Nem saboreamos direito quando fazemos isto. O ato de comer torna-se simplesmente um reabastecimento sem prazer. Já que vamos comer, por que então não parar e saborear o alimento com o respeito que merece?

Sei que vivemos vidas corridas e que nem sempre podemos nos dar o privilégio de pararmos para comer, mas vale a pena fazermos um levantamento do que realmente está por detrás do ato de comer na frente de uma tela. Se realmente não houver outra alternativa, pelo menos podemos comer duas ou três garfadas com atenção plena, e depois voltarmos nossa atenção à tela.

Deixo aqui umas ideias para serem  analisadas com carinho. Este é um assunto que merece um aprofundamento maior. Escreverei mais a este respeito em postagens futuras. Por enquanto, lembre-se de se ligar no relacionamento entre corpo, coração, mente e alimento; e no valor da nutrição física e emocional  para vivermos plenamente!

Fonte da Imagem: @alexandermils (Unsplash)