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O Que Fazer em Momentos de Crise

Escrevo este blog num momento em que o mundo se encontra de joelhos, abatido por um obstáculo comum: o desafiante e obstinado coronavírus.  Ao notar nossa impotência diante desta dificuldade, é comum nos sentirmos frustrados, amedrontados, ansiosos. Afinal que recursos temos para evitar as perdas e/ou danos físicos e psicológicos que encaramos neste momento?

  Infelizmente, ao continuarmos enfrentando esse aparente insensitivo e implacável adversário, além de buscarmos a união humana, apesar da necessidade do afastamento social, temos que procurar também outras práticas para lidarmos com as emoções e estresses que brotam de nosso interior.

  Primeiramente, por mais difícil que seja admitir esta verdade, temos que aceitar o fato que nosso controle sobre o que acontece no macro e microcosmos de nossas vidas é bem limitado. É verdade que tomamos decisões diárias de proporções variadas que influenciam o decorrer de nossa existência, porém cada segundo tem o potencial de trazes mudanças positivas, neutras ou mesmo catastróficas sobre as quais não podemos fazer nada a não ser compreendermos o nosso apego à ilusão do controle e praticarmos a aceitação.  Esta atitude de liberação de controle é extremamente difícil, porém libertadora. Isto não significa ficarmos inertes e desistirmos da luta. É obvio que temos oportunidades e até mesmo a obrigação de empenharmos todas nossas forças para lidarmos de maneira corajosa e com propósito com o que a vida nos apresenta, com o objetivo de continuarmos vivendo, crescendo interiormente e contribuindo de alguma forma para a melhoria do mundo em nossa volta. Na verdade, o sentimento que estamos em controle nos traz bem-estar e não há nada errado com isso, porém, vale ressaltar que, como diz a psicóloga e professora de Harvard, Dr. Ellen Langer, a incerteza é a regra do jogo de nossas vidas. Desta forma, precisamos viver de maneira presente, decidindo a cada momento o que é melhor para nós, nossos semelhantes e nosso planeta, mas também com a compreensão clara que esta presença está aberta para o que nos acontece a cada momento, seja isto algo que desejamos ou não. Então, antes de mais nada, respire fundo, afrouxe o punho, relaxe os músculos, e faça o aterramento.   

  Na postagem de agosto 2018, escrevi sobre o aterramento, uma prática essencial para estarmos presentes em cada momento. Darei aqui outras sugestões simples e rápidas de como utilizar esta prática de maneira a lidar com tudo o que a vida nos oferece no momento presente, principalmente  aquilo que percebemos como dificuldades, sejam elas físicas, mentais ou emocionais.

  • Pare, sinta os pés no chão ou outra parte do corpo apoiada em alguma superfície.

  • Se possível, feche os olhos.

  • Relaxe e respire fundo por alguns momentos. Observe com atenção áreas onde você costuma carregar tensão, como por exemplo; o rosto (solte suas mandíbulas), os ombros, o pescoço, as costas e os quadris. Intencionalmente relaxe estas partes do corpo, uma a uma. Não importa se você notar que a tensão retorna assim que a sua atenção focalizar em outra parte do corpo; ao repetir este exercício frequentemente, você está conscientemente treinando sua atenção para retornar a esta atividade com mais constância.

  • Mantenha sua concentração alternadamente no que está se passando no seu corpo, na sua mente e seu estado emocional - que sensações, pensamentos e/ou sentimentos estão emergindo neste momento?

  • Se estiver de olhos fechados, abra-os agora.

  • Observe com atenção o que se passa em seu redor.

  • Utilize-se de seus sentidos para “chegar” no aqui e agora. Use este simples exercício de observação:

  1. Observe 4 objetos com seus olhos.

  2. Toque 3 coisas em seu redor.

  3. Ouça 2 sons com atenção.

  4. Observe, sem julgamentos, a emoção que colorem o seu interior neste momento.

  • Respire fundo novamente e continue seu dia.

Aterre com a maior frequência possível. Este simples exercício leva alguns minutos e lhe trará muito bem estar.

  E, finalmente, nos momentos de dificuldades e ansiedade, lembre-se do conselho útil do Dr. Jon Kabat-Zinn: “Você não pode parar as ondas, mas pode aprender a surfar.”  

Fonte da Imagem: Andy Li @andasta (Unsplash)