Somos seres pensantes. Os pensamentos incessantes, que às vezes podem ser mais pragas do que bênçãos, parecem caracterizar a raça humana. Como disse Caetano Veloso: “O pensamento parece uma coisa à toa, mas como é que a gente voa quando começa a pensar.” É praticamente impossível termos uma folga de nossas mentes tão ativas. Não seria bom se pudéssemos apertar um botão para desligarmos nossas mentes em determinados momentos?

Às vezes, estamos numa boa vivendo o nosso dia a dia, quando de repente um pensamento relacionado a algo ou alguém que nos aborreceu, emerge e ficamos completamente absorvidos em suas entranhas. Nada está se passando, mas um turbilhão de emoções parece deslanchar em nosso interior. Tudo isso por causa de um pensamento!

Outras vezes, uma determinada emoção é capaz de propulsionar uma avalanche de pensamentos. Aí entramos num túnel de memórias, histórias, e enredos que parece não acabar nunca!

Se pararmos para analisar o que é um pensamento, veremos que na sua essência mais simples, é um fenômeno que surge de nosso consciente.  Ao criarmos uma distância entre nós e nossos pensamentos e simplesmente observarmo-los, podemos constatar a impersonalidade característica deste fenômeno. Podemos assim remover o nosso verdadeiro “eu” dessa formulação e simplesmente lidarmos com os pensamentos como se fossem nuvens passando no céu. Utilizando este quadro visual como uma metáfora, podemos nos enxergar como o céu e as nuvens passando como a atividade de nossa mente. Às vezes as nuvens passam de maneira rápida, outras vezes devagar, podem trazer dias completamente nublados, tempestades, assim como momentos de maior claridade. Vale destacar que o céu azul está sempre lá, por debaixo de toda esta atividade.

Lembremo-nos disso com frequência. O nosso verdadeiro “eu”, nossa Consciência Pura está sempre presente - acordada e consciente - porém vivemos distantes dela, normalmente perdidos em nossos pensamentos, envolvidos em histórias sem fim criadas por nossas mentes.

A prática da meditação mindfulness nos dá oportunidade de pôr em prática este processo de observação dos pensamentos e de nos desvencilharmos de suas garras manipulativas. Quanta serenidade isso nos traz.